sábado, 25 de dezembro de 2010

Intercâmbio.

Intercambiar vem de promover o intercambio, permutar, trocar. Sempre achei essa palavra muito grande ou pesada pra definir o que eu iria vir fazer na Espanha. Eu chamava de viagem, viagem pra estudar, 6 meses fora, estudar fora, qualquer coisa, mas não chamava de intercambio, pois achava que o termo não se aplicava ao meu caso.
Mas agora no mês de dezembro, depois de 4 meses fora, e com a chegada de familiares e namorado, eu vejo que "intercambiei". Troco algumas palavras do português pelo espanhol com naturalidade, como as comidas daqui sem achar estranho o tanto de gordura que existe nelas, não converso mais com todos como antes...
Explico o porquê. O ser humano é adaptável à qualquer situação que não o exponha à risco de morte, na minha opinião (porque vai que ele morre, daí ele n pôde se adaptar ahaha). E assim foi aqui em Madrid, e eu vejo que foi um processo tão natural que eu não percebi que aconteceu, e as pessoas que conviviam comigo antes sentiram uma diferença gritante.

Jamón nosso de cada dia.

A começar, que eu não comia porco, salvo um presunto e umas salsichas às vezes. E aqui na Espanha, eles consomem muito porco. é jamón aqui, lacón pra lá, e cá estou eu achando uma delícia o croissant de jamón y queso e ainda oferecendo pro meu pai dizendo que ele vai achar o mesmo. Não deixei de comer minhas frutas e minhas saladas, e em casa não cozinho porco, mas o que pra mim antes era impossível, já faz parte da rotina. Só não digo mais, porque os pratos combinados que vem ovos, linguiça, e batata, tudo frito e junto pra se comer com pão, ainda me deixam assustada.
Sinto falta da comida de casa, de um arroz-feijão-bife-salada da Silvana*, do pão de queijo no fim da tarde e de um churrasco. Mas sobrevivo bem aqui também com meu arroz-peixe-salada ou meu macarrao com salsicha, e sanduiches nos outros horarios de fome.

J , R , LL , V.

São letras que se você souber pronunciá-las no castelhano, já fala melhor que muita gente. O J, deve ser falado com a garganta, como um "r", mas com a garganta, como se fosse tirar ranho. hahaha Então palavras como Jamón e Perejil, viram "Ramón" e "pererril". E o nosso famoso José, aqui vira "Rose".
O "LL" que é o mais conhecido vira "lh". Então paella, e mejillones, vira "paelha" e "merrilhones". Lembrando que aqui em Madrid, no castelhano é assim. Na Argentina por exemplo, o LL, ganha som de "dj"  e paella se pronuncia "Paedja".
O V, muito importante também, e ganha som de "b". Então, se vc vier à minha casa, virá na Calle "balmorrado", ou Valmojado. E se você for à cidade de Valência, irá à "balencia".
O mais difícil e que até hoje não me adaptei é o R. Tem que tremer a língua no céu da boca, e até hoje acho que não sei pronunciar direito "Roma" aqui.
Fora esses letras que diferenciam bastante das nossas, deve-se lembrar que as letras "o" e "e" são bem fechadas, e o "a" bem aberto. Então não peçam uma cóca-cóla, e sim uma côca-côla para que te entendam.


Grossa, eu?

Quando eu era grossa com alguém, e admitia isso, não sabia o que me esperava por aqui, e agora já posso usar de exemplo e falar que eu não sou grossa. Já passei por tanta situação aqui que eu criei um certo medo de perguntar as coisas e de falar com as pessoas, e fico policiando muitas atitudes pra não levar bronca à toa. E conversando com os outros "erasmistas", vejo que isso também aconteceu com alguns deles. Já teve cobrador expulsando de onibus porque ele não tinha troco pra 5 euros, taxista puto por ter que te levar pra qualquer lugar que fosse, já levei tombão no meio da rua e só uma freira parou pra ver se tava tudo bem, e até a mulher do lugar que dá informações em aeroporto muitas vezes está de cara fechada pra te informar onde são os portões de embarque, afinal, você já tinha que ter nascido sabendo isso! Fora as exclusões que acontecem na universidade, de professor pedindo desculpa pra aluno espanhol por ele ter que fazer grupo com o brasileiro que sobrou.

E além disso, ainda acontecem as discussões acaloradas dos espanhóis - conhecidos pelo sangue quente. Mas o que difere do Brasil é que aqui, eles discutem alto, soltam palavrões toda hora, e vão até onde a discussão puder acontecer, e depois, continuam sua vida normalmente como se não tivessem acabado de se exaltar brutalmente. Uma das matérias da facul, eu fazia em um grupo com 3 espanholas. Eu tinha muito medo de dar minha opinião, porque elas brigavam tanto entre si pra escolher o tema do trabalho que dava vontade de abraçá-las e pedir paz. Mas aquilo não era realmente uma briga, entende?

Posso dizer com toda certeza hoje, que estou fazendo um intercâmbio, que ele já aconteceu, e que está acontecendo. A pronúncia das palavras já sai naturalmente, e eu já me acostumei (leia-se adaptei, ou aprendi a conviver) ao sangue quente dos espanhóis.

A experiência é sim maravilhosa, você conhece gente de todo lugar, aprende muita coisa, vê muita cultura diferente, pode viajar para lugares magníficos e etc. Mas também tem seu lado difícil, que é ficar longe das pessoas que você ama, comer uma comida que não é sua favorita, e não ter como ir pra casa conversar e contar do dia já que sua casa de verdade está muito distante, e se você ligar nessa hora provavelmente as pessoas estarão dormindo porque o fuso horário é diferente. Quem intercambiou entende bem isso.

Mas o que se ganha com isso, creio que supera qualquer coisa. E agora, tenho que decidir se quero mais 4 meses disso tudo, ou não..:)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Na academia.

     Um dos meus medos antes de vir pra cá, seria engordar e voltar pro Brasil uma bola irreconhecível. Eu havia ouvido falar de alguns casos de conhecidos que voltaram com mais de 10 kgs do intercâmbio, e eu pensava que com uma mudança muito brusca de rotina e de alimentação, isso poderia acontecer facilmente.
     Então, após eu e meus companheiros de piso sentirmos a calça apertar um pouco, vimos que precisávamos de uma academia, ou deixar de comer as novidades dos lugares que a gente conhecia. Ou maneirar em todo o resto, é claro - mas eu não estou aqui pra dar receita de como emagrecer comendo.

     Encontramos uma academia a 2 quadras da minha casa, o que já me incomodou um pouco, pq no frio do cão que ainda está por vir, caminhar 2 quadras no frio pra ir malhar será um sacrifício gigantesco. Mas a academia era muito boa, com aparelhos modernos, acessórios da Reebok, um milhão de aulas (inclusive kickboxing, pilates e defesa pessoal para mulheres!), e tudo isso por 136 euros por 4 meses.
     Porém, tive a minha primeira impressão estranha no 1o dia, quando fui pedir pro instrutor montar um treino pra mim, e falei que meu joelho direito doía, que eu já malhava antes, enfim... dei minhas coordenadas pra ele montar o treino pro dia seguinte, e ele me disse que estava tudo bem, que ele já tinha o treino na cabeça. E quando minha amiga foi comigo no outro dia, ele mandou ela seguir o mesmo treino que eu, sendo que ela não malhava antes, e sei lá se tinha algum problema no joelho.
     Então, como ele disse que eu poderia levar um treino próprio ou seguir o que ele iria me passar, mas só me ajudaria mas primeiras 3 repetições, - depois nunca mais na vida - levei meu treino que eu fazia no Brasil, criado pelo Thyago - um ótimo instrutor (propaganda mesmo). E percebi que eu fazia os mesmo exercícios dos homens daqui. Eu notei muitos homens fazendo agachamento, e glúteos - naquela posição de 4 - e as mulheres não..fazendo só um básico pras pernas. E percebi que mesmo que eu quisesse. não poderia fazer alguns com caneleira, simplesmente pq não tem caneleira na academia! Mas enfim, deve ser cultural isso, pq no Brasil tem o lance da valorização da bunda, e por isso os instrutores sempre passam exercícios pra essa região...e talvez aqui eles valorizem os glúteos masculinos, não sei...hehe

     Depois de 1 mês de academia, ainda não consegui provar todas as aulas, mas ontem, fui animadérrima para fazer a aula de Step, minha preferida desde sempre, e saí de lá não querendo voltar nunca mais. A aula inteira tocou um batidão contínuo, e no meio do batidão às vezes entrava o refrão de umas músicas famosas - como as da Lady Gaga e da Ke$ha. A coreografia não batia com o ritmo das músicas, e era uma coreografia gigantesca que você tinha que aprender para repeti-la por 45 minutos.
     Além disso, a professora nao tinha gingado, e ficava gritando a aula toda e mandando a gente se animar e rebolar de acordo com a música..mas gente..., isso era difícil se fosse pra seguir o nosso exemplo da frente, mais dura que os famosos que estão começando na Dança dos famosos do Faustão...
    Como  eu já estava com vergonha por não conseguir seguir a professora, fui fazer uma esteira na musculação. E pedi pro instrutor "ligar" o aparelho pra mim. Ele e a aluna do lado ficaram me olhando sem graça..aí eu repeti pra ele "ligar" o aparelho pra mim. Aí ele me chamou num canto e falou (em espanhol, claro): Escuta, o que é ligar? Acender o aparelho? Aí eu disse que sim..que achava que estava falando errado...Aí ele acendeu o aparelho pra mim. E durante a minha caminhada, eu lembrei que "ligar" aqui na Espanha é como flertar, ficar, pegar..."criar um enlace" hahaha..ou seja, flertei o cara sem querer.
     É claro que vou continuar indo nessa academia, que pra mim ainda é muito estranha...Mas o fato é que eu senti falta da minha no Brasil, com as caneleiras, com os instrutores passando exercícios pros glúteos pra todas as mulheres, com o gingado e o ritmo da professora do step ...

sábado, 30 de outubro de 2010

Almoçando um pouco tarde.

   Uma das coisas que mais demorei para me acostumar em Madrid, foi o horário de almoço.
Considero horário de almoço algo entre as 11:00AM até às 13:00PM em dias de semana, podendo variar, claro... e sempre mais tarde do que isso aos domingos.Mas aqui, eles almoçam lá pelas 14 horas em diante, sendo que às 14:30, 15 hrs, considero o horário de pico.
   E quando eu saía da aula ao meio dia, estava morta de fome - com a última refeição das 6:30 ou um café das 9:00 - ia procurar almoço na faculdade e simplesmente não tinha nenhum lugar pra isso. Tinha que esperar até às 13:30 pra começarem a servir almoço, e mesmo assim não tinha quase ninguém almoçando ao mesmo tempo que eu.

Palmera de chocolate y café con leche
   E eu ficava impressionada como eles aguentavam até as 15 só com o desayuno (café da manhã)..e explico. Na universidade, ao meio-dia, ou 1:00PM, come-se um 2o lanche matinal, ou "pequeño almuerzo". Pode ser um sanduiche, uma fruta, tostadas e café com leite, um pedaço de tortilla, um croissant de chocolate, uma palmeira de chocolate...

   E nas ruas, as pessoas também comem algum lanche desse tipo, e é comum ir a algum bar nesse horário e quase todos estarem bebendo uma cervejinha acompanhada de alguma porção de comida.

Tortilla


   E depois, almoçam 2, 3 hrs mais tarde.

   Continuo achando estranho..mas já me acostumei bastante. Percebo que não tenho mais horário de almoço...é a hora que der, e seguindo o fluxo das atividades, acabo comendo lá pelas 14 hrs em diante tb..Só não consigo estar com fome e comer um croissant de chocolate como eles fazem muito na universidade..mas isso vai de cada um.

   Agora por exemplo, são 14 hrs e ainda vou começar a fazer o almoço aqui em casa.

Besos e hasta luego.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Lisboa - Um pedaço do Brasil na Europa..


No último dia 21/10, peguei meu primeiro voo para fora da Espanha de cia low cost claro - cias aéreas que promovem voos a preços mais acessíveis . Fui com Fernanda e Cezar para Lisboa, pela Easyjet.  Por estar acostumada a ir só de busão e talvez por termos a sensação de que a Europa é só um país grande como o Brasil com seus estados, não nos preparamos muito para um voo internacional. Fernanda perdeu no raio-x da ida 1 shampoo e 1 condicionador que havia trazido do Brasil, e um desodorante.

Pra quem ainda não realizou voos assim, o permitido é só levar na bagagem de mão líquidos que estejam em embalagens de até 100ml, e de preferência, em um saquinho ZipLoc (aqueles de congelar comida). E não adianta falar que seu creme é importado e não tem nem 100 ml mais dele na embalagem. O que importa é a quantidade que a embalagem indica que cabe ali. Recomendo comprar potinhos pequenos de até 100 ml para isso. 


Praça do Comércio

Na volta pra Madrid, eu tentei contar com a minha sorte da ida e eles pegaram um shampoo caro que eu tenho. Fui tentar despachar a mala com o shampoo, mas isso me custaria 22 euros...aí eu fui no w.c. e distribuí ele em um potinho de álcool 70% de 50 ml que eu tinha, numa caixa de lente de contato e no potinho de fio dental, e joguei fora o resto sem olhar pra trás.

Mas voltando a Lisboa...

Ouvi muita gente falando que Lisboa era maravilhoso. E realmente saí de lá achando isso, mas confesso que no começo fiquei um pouco decepcionada. Eu não conseguia identificar algo que fosse somente de Lisboa..e mais parecia uma cidade grande com algumas poucas coisas históricas.

Mais tarde eu descobri que a cidade é assim devido a um terremoto ocorrido no ano de 1755, que destruiu praticamente toda a cidade, e então ela foi reconstruída pelo Marquês de Pombal – com a ajuda do $ do ouro vindo do Brasil, tá. E segundo moradores, por causa desse terremoto que até hoje é comentado em Lisboa, a cidade possui essa mistura de estilos. Do velho, com o novo..de interior com a metrópole..

E, um dos pontos negativos e positivos da terra portuguesa é que eu quase podia me sentir no Brasil, tanto pelas comidas como pela língua portuguesa. Pra mim, foi bom achar coxinha de frango, kibe, picanha, feijão e guaraná antártica. Mas como eu já havia me acostumado a falar em português e as pessoas em volta não entender nada, tinha que me policiar toda hora pra não falar besteira.

Devo lembrar que o português de Portugal, não é como o dos brasileiros. Descrevo-os como um estrangeiro que fez curso de português e está tentando falar com um brasileiro. Algo como um português misturado com francês e espanhol. Mas na verdade, fomos nós brasileiros que fizemos todos esses sotaques diferentes que existem hoje no Brasil, e posso afirmar que o que falamos é um "portugues brasileiro".


Saída Estação de Metro Oriente
 Fui recepcionada por outros estudantes ErasmusMundus Brasil da UFMS, Jamil, Rafael, e Juliana. Ficamos na casa deles por 3 noites, e eles foram muito acolhedores. Logo no 1o dia, conheci uma obra de Santiago Calatrava próximo ao Pavilhão da Expo'98. Ela está na saída de um shopping e de uma estação de metrô, e chama a atenção de qualquer cidadão que passe por ali. O Pavilhão já me chamou a atenção pela noite, mas Jamil me afirmava que eu precisava vê-lo de dia..e eu achava que não mudaria muito..Mas pude ver a diferença simplesmente por conseguir “ver” o que mais existia ali;

São grandes pavilhões, edifícios próximos ao rio que compõem uma paisagem muito interessante. Jamil me explicou que os dois edifícios que aparecem sobre a obra de Calatrava foram feitos para representar 2 caravelas chegando em terra. No mesmo local, ainda encontrei uma obra de Álvaro Siza, onde ele trabalha divinamente o balanço de seu pavilhão..(Mais uma que eu só via por livros e internet..)


Pavilhão de exposiçoes

Pavilhão de exposições - Arq. Álavaro Siza




 


No 2º dia, tive que voltar ao aeroporto pois eu havia deixado meu casaco master-mega-power-plus em algum lugar de lá...e pelo jeito..alguém o achou antes de mim e resolveu se esquentar com ele..Para completar meu dia, fiquei com uma amigdalite..e com isso, fiquei também um pouco triste. Mas, logo depois me animei ao encontrar vários restaurantes com feijão, picanha e farofa! Claro que eu não ia deixar de provar o famoso bacalhau de Portugal...então pagamos um pouco mais caro(6,4E) e fomos em um restaurante que tivesse o bacalhau...e a comida brasileira! O custo de vida em Portugal é menor do que em Madrid. Até a máquina de café da faculdade, que na minha custa .60 cents por copo, em Lisboa, saía a .35 cents.

Após o almoço reforçado, conhecemos todo o centro de Lisboa, andando pelo “carris”, esse bonde amarelo e velho..tao velhinho, que tinha hora que eu achava que ele ia abrir as paredes cada uma pra um lado e eu ia ficar lá dentro sentada no banco ao relento.

Lisboa possui um metrô com poucas linhas, e o bilhete sai a .85 cents, sendo que você pode comprar um bilhete que dura 24 hrs, a 3,75 (+,50 cents do preço do cartão), e pode andar em ônibus, metrô, carris e ascensor. Compensa muito, já que só o busão sai a 1,25eu (um absurdo!).  

Pastel de Belém
No dia seguinte, conhecemos Belém, a parte de Lisboa onde parece só ter turista. Provei o famoso e delicioso pastel de Belém. (Dá vontade de voltar só por causa dele.)






Monastério dos Jeronimos


E nessa região estão algumas edificações antigas de Lisboa que sobreviveram ao terremoto, como o Monastério dos Jeronimos, - que guarda os túmulos de Vasco de Gama e de Camões - a Torre de Belém, e algumas novas edificações, como o Padrão dos Descobrimentos, um marco dedicado aos portugueses navegantes.Belém, com certeza foi a minha parte preferida...Ficar sentada em frente ao mar imaginando navegações foi delicioso, e um luxo pra nós que nunca temos tempo pra isso.
Túmulo Vasco da Gama

Padrão dos descobirmentos








Túmulo Camões










Torre de Belém



Bairro Alto

Para a noite, existe um local chamado Bairro Alto, com ladeiras onde os jovens ficam bebendo...Há muitos pubs pelas ladeiras, mas todo mundo fica só no meio da rua bebendo, e é praticamente impossível passar um carro ali. Há também umas 2 boates grandes, como a Lux, mas para sentir Lisboa, o bom mesmo é ir pro Bairro Alto.

Isso tudo foi a minha idéia de Lisboa, com os pontos que achei mais interessantes. Recomendo para nós, brasileiros, vermos um pouco mais de perto o que sempre ouvimos nas aulas de história. Se alguém quiser complementar, fique à vontade.



ps: Como é possível notar, não escrevi sobre as outras cidades andaluzes...Isso porque eu ainda não tenho as fotos de uma delas, e pra ficar viajando todo fds, só me matando durante a semana pra ir bem na faculdade, logo, sem tempo pra postagem.




sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Andaluzia - Córdoba

No fim de semana passado tivemos um feriado no dia 12/12, terça-feira para comemorar o dia da Hispanidade. Arrumei a mochila correndo e fui pegar o ônibus pra Barcelona na noite de sexta-feira,08/12. Mas, como eu e meus companheiros de piso somos sempre organizados, deixamos pra comprar na hora a passagem. Afinal, a gente sempre consegue comprar na hora. Porém, acho que muita gente teve a mesma idéia de ir pra Barcelona e todos os ônibus (que saem de meia em meia hora) estavam lotados até o outro dia às 19! Ou seja, chegaríamos no domingo de manhã. E 2,5 dias parece pouco pra Barcelona. Então, compramos passagem pro 1o ônibus que tinha vaga. Ele ia pra Córdoba dentro de 1 hora.

Chegamos em Córdoba às 6 da manhã, e ficamos andando sem rumo, sem mapa, sem hostel e sem saber absolutamente nada do que tinha lá. Pedindo informação, mandaram a gente ir pra praça onde tinha o centro de informações. Mas chegando lá lembramos que estamos na Espanha e era sábado. Ou seja, nunca estaria aberto. Tomamos um 'desayuno' bom e barato, que mostro na foto ao lado. Eram duas tostadas grandes, com todas essas pastas  (de jamon, chorizo e sei la mais o que) e um café com leite. Bom e barato, a 2,30 euros.
Pegamos um táxi e pedimos pra nos deixar em qualquer hostel..Ele nos levou a um muito bom, perto dos pontos turísticos e com desayuno/café-da-manhã! Isso tudo por 21 euros...carinho em relação aos outros em que estivemos. Mas ele era lindo, e a gente tinha um quarto com banheiro só pra gente..ou seja, quase um hotel!

Com esse desayuno, decidimos que teríamos que conhecer as comidas dessa região. Comemos tudo que era típico. O salmorejo, que é essa pasta aí ao lado que vai tomate, azeite, alho, pão picado, sal e vinagre. Pedimos ele com jamón e só vieram essas migalhas aí. O pessoal aqui come como sopa, ou acompanhado de pão; Muito forte. Eu usaria só como molho de salada, e olhe lá!
E logo na outra foto, uma torta recheada de maçã e sidra. Não me encantou muito também.Além desses que eu tenho foto, é típico de Córdoba o Flamenquin para o almoço, que é como um enrolado de salsicha, mas é enrolado num pedação de jamón.





A Andaluzia teve uma grande influência cultural dos árabes, e um dos pontos principais para ir em Córdoba era a Mesquita . A edificação demorou 200 anos pra ser construída, sendo que no centro da mesquita, há um altar católico que parece fazer parte de uma catedral, e não da própria mesquita. Lendo um pouco, descobri que isso se deve à reconquista de Córdoba pelos cristãos em 1236 e, ao invés de destruirem a mesquita para construir uma igreja, mantiveram a construção árabe e enfiaram o altar católico no meio da dela.  Grande, bonita e cheia de turistas.




Altar católico no meio da mesquita.


Outro ponto a visitar, era o Alcazar dos Reis Católicos, local construído para servir de hospedaria aos reis que passavam por Córdoba, e por onde Fernando e Isabel governavam Castilha por alguns anos. Queria eu ter um jardim desses em todo lugar que eu me hospedasse. Mas mesmo com chuva, era lindo e tiramos fotos quando não havia turistas porque acho que eles tinham medo da chuva, ou algo assim, porque assim que parou de chover, os jardins lotaram.O único ponto negativo de visitar esses lugares, é a "poluição" de turistas nas fotos. Mas é por isso mesmo que se chama ponto 'turístico'.




Córdoba tem também uma Ponte Romana que está sempre lotada de turistas, bem próxima a Mesquita. Ficamos com preguiça de caminhar até o outro lado, porque tinha muita gente, estava chovendo e do outro lado não havia muita coisa.



..Mas valeu a pena entrar pelas ruazinhas estreitas...as casinhas são uma graça, e a maioria tem vasos de flores pendurados na fachada...Há alguns lugares a mais por visitar nessa cidade, mas esses são os principais, e assim resumo Córdoba na minha cabeça. Se você gostou dela, espere pra ver as outras cidades andaluzes que eu visitei!


sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Compartindo piso.

Ao chegar em Madrid no dia 27 de agosto, tive a sorte de ter algumas pessoas me esperando no aeroporto. Era o Nando, Amanda, e Siguinho. Nando é um amigo do meu pai, e fez muita diferença pra mim durante todo esse tempo que estou por aqui. Ele mora aqui há 9 anos, com sua esposa Josy, e sua filha Amanda. Josy e Nando conversam em português dentro de casa, mas Amanda praticamente só fala o espanhol por estar aqui desde os 4 anos. E Siguinho, é um sobrinho paulista do Nando que está morando aqui há 10 meses.
Na casa deles, eles cozinham comida espanhola e brasileira, o que me fez conhecer várias comidas típicas logo nos 1os dias. Fiquei morando com eles até o dia 16/09, quando mudei para o meu apartamento atual. Nando ofereceu para que eu ficasse na casa dele quando chegasse até encontrar um teto fixo pois assim poderia procurar com calma, e não alugar qualquer coisa pela internet antes de vir, me deixando livre pra buscar piso o tempo que fosse necessário.

Como qualquer bom ouvinte sabe, a Espanha está em crise, junto a outros países europeus, sendo que a taxa de desemprego está em 20%! Antes, eu até achava que não veria muitos pedintes pela rua, mas o pessoal está tentando ganhar a vida de qualquer jeito. Quando se passeia pela Plaza Mayor, é comum encontrar pessoas vestidas de personagens de desenho animado vendendo um simples balão, ou até mesmo fazendo bolhas de sabão gigantes para descolar uma moeda, como o cara aí do lado.

Devido a essa tal crise na Espanha, ouvi que seria fácil alugar um apartamento, e que eles estariam desesperados para me alugar um lugar pra morar. PERO/mas não foi bem assim. Passei 20 dias em busca de piso (apartamento), sem muito resultado. Nos pontos de ônibus próximos a universidade está sempre lotado de papéis anunciando aluguel. Eu chegava a pegar 5 anúncios por dia, e quando ligava, ou já estava alugado, ou era longe, ou muito caro, ou o principal...não alugava só por 6 meses. Era desanimador.
E aqui, é preciso pagar uma "fianza". Ou seja, você aluga o piso por 600 euros, e no 1o mês tem que dar o aluguel + a fianza, que pode ser o equivalente a 1 mês de aluguel, ou quantos meses o proprietário pedir. No fim, antes de você sair do imóvel, ele confere se está tudo certo, e devolve a tal fianza. Josy me disse que muitas vezes eles não devolvem, alegando que você quebrou o chuveiro - e com isso ficam com seus 600 euros por um chuveiro. Malandrinhos, n?

Mas, em um dia de quase desistência,  um papel que estava colado na faculdade oferecia um preço bom, mas era em Casa de Campo, um pouco distante do campus. Eu, Cezar e Fernanda -2 moradores de Belém - marcamos um horário e fomos analisá-lo. Quando vimos, parecia que estávamos em um lugar muito distante e cheio de mato, e como não encontrávamos a rua ( eu n entendia o nome da rua hehehe) estavamos quase desistindo, quando o proprietário resolveu buscar a gente de carro.
Gente, o apê era um luxo! Um luxo perto do que havíamos visto em Madrid, com elevadores que cabiam 1,5 pessoa, fogões caindo aos pedaços, e principalmente, cheiro de coisa velha.

Por ser meio distante, fizemos o caminho de metrô até a universidade, e em 25 minutos estávamos lá. Ou seja, muito bom! O campus da universidade é um pouco distante do centro, e onde nosso apê está localizado, estamos próximo ao campus e ao centro da cidade. E o melhor, se chama Casa de Campo porque está cercado de campo! É lin-do! Saio de casa, e tenho um parque gigantesco do outro lado da rua com um paisagismo que eu só via antes nos livros de arquitetura!

Posso dizer que estou bem instalada, compartindo piso com esses dois  estragados aí, os proprietários do piso são bem simpáticos(por enqnto, e se devolverem a fianza) e é possível conhecer mais do nosso apê, acessando os 2 links abaixo! =)




Besos, e hasta luego!








                                                                                     No dia em que encontramos o piso...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Bela em Madrid

Hola chicos!
Caso algum deconhecido leia o blog, meu nome é Isabela e eu  vim estudar por 6 meses em Madrid. Faço parte do programa Erasmus Mundus - muito conhecido na Europa, por sinal - e estou no último semestre de Arquitetura na UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Em Madrid, estudo na UPM - Universidad Politecnica de Madrid.
Escrevo o blog pra escrever notícias para família, amigos, namorado, e também - e muito mais -  para curiosidades sobre a Espanha ou qualquer outro lugar que eu vá visitar.

Já estou aqui há 37 dias, e demorei pra escrever por vários motivos.
Pelo impacto da mudança de país, por falta de internet, por não ter teto fixo, por esquecer a senha do blog, por não saber que nome dar a ele, e principalmente, porque com tanta coisa a explorar, eu não conseguia sentar e escrever ou ficar parada por mais de 10 minutos.

Eu achava que não seria uma mudança muito grande. Que seria como uma mudança de cidade. Mas Jesús! Mudou a língua, a comida, o horário, as vestimentas, o clima, a educação, a faculdade, os conhecidos, as baladas, as bebidas, e o meio de transporte. Ou seja, quase tudo! E o que eu posso dizer, é que por enquanto estou adorando, e vejo a diferença que faz a qualidade de vida de um lugar. Aqui posso sair de metrô às 23 horas sem medo de levar um tiro e voltar às 3 de busão na mesma condição.

Até hoje não posso dizer que estou adaptada ao horário. Nos primeiros 3 dias, eu ia dormir às 4 da manhã - achando que eram 22 hrs -, e acordava meio-dia daqui. São 6 horas de fuso de diferença de Campo Grande (minha terra natal), e era muito estranho eu falar que ia dormir com minha irmã saindo do curso dela.
Além disso, aqui só fica claro às 8 da manhã, e às 8 da noite, ainda tem sol! Você pode tranquilamente dar uma volta com seu cão às 21 horas porque ainda vai estar escurecendo..
Logo, quando chegava as 21 hrs, eu achava que ainda tinha mais umas 6 hrs pra fazer minhas coisas, e dormia quase todo dia ás 3 da manhã.

Hoje por exemplo, já  é meia-noite, eu acordo amanhã às 6:30, ainda tenho que terminar um exercício pra entregar na faculdade, e estou aqui ouvindo o Denny tocar Los Hermanos feliz da vida. Pero, como essa semana será destroyer, vou me resguardar no meu quarto top! Besos...y hasta luego.