sábado, 25 de dezembro de 2010

Intercâmbio.

Intercambiar vem de promover o intercambio, permutar, trocar. Sempre achei essa palavra muito grande ou pesada pra definir o que eu iria vir fazer na Espanha. Eu chamava de viagem, viagem pra estudar, 6 meses fora, estudar fora, qualquer coisa, mas não chamava de intercambio, pois achava que o termo não se aplicava ao meu caso.
Mas agora no mês de dezembro, depois de 4 meses fora, e com a chegada de familiares e namorado, eu vejo que "intercambiei". Troco algumas palavras do português pelo espanhol com naturalidade, como as comidas daqui sem achar estranho o tanto de gordura que existe nelas, não converso mais com todos como antes...
Explico o porquê. O ser humano é adaptável à qualquer situação que não o exponha à risco de morte, na minha opinião (porque vai que ele morre, daí ele n pôde se adaptar ahaha). E assim foi aqui em Madrid, e eu vejo que foi um processo tão natural que eu não percebi que aconteceu, e as pessoas que conviviam comigo antes sentiram uma diferença gritante.

Jamón nosso de cada dia.

A começar, que eu não comia porco, salvo um presunto e umas salsichas às vezes. E aqui na Espanha, eles consomem muito porco. é jamón aqui, lacón pra lá, e cá estou eu achando uma delícia o croissant de jamón y queso e ainda oferecendo pro meu pai dizendo que ele vai achar o mesmo. Não deixei de comer minhas frutas e minhas saladas, e em casa não cozinho porco, mas o que pra mim antes era impossível, já faz parte da rotina. Só não digo mais, porque os pratos combinados que vem ovos, linguiça, e batata, tudo frito e junto pra se comer com pão, ainda me deixam assustada.
Sinto falta da comida de casa, de um arroz-feijão-bife-salada da Silvana*, do pão de queijo no fim da tarde e de um churrasco. Mas sobrevivo bem aqui também com meu arroz-peixe-salada ou meu macarrao com salsicha, e sanduiches nos outros horarios de fome.

J , R , LL , V.

São letras que se você souber pronunciá-las no castelhano, já fala melhor que muita gente. O J, deve ser falado com a garganta, como um "r", mas com a garganta, como se fosse tirar ranho. hahaha Então palavras como Jamón e Perejil, viram "Ramón" e "pererril". E o nosso famoso José, aqui vira "Rose".
O "LL" que é o mais conhecido vira "lh". Então paella, e mejillones, vira "paelha" e "merrilhones". Lembrando que aqui em Madrid, no castelhano é assim. Na Argentina por exemplo, o LL, ganha som de "dj"  e paella se pronuncia "Paedja".
O V, muito importante também, e ganha som de "b". Então, se vc vier à minha casa, virá na Calle "balmorrado", ou Valmojado. E se você for à cidade de Valência, irá à "balencia".
O mais difícil e que até hoje não me adaptei é o R. Tem que tremer a língua no céu da boca, e até hoje acho que não sei pronunciar direito "Roma" aqui.
Fora esses letras que diferenciam bastante das nossas, deve-se lembrar que as letras "o" e "e" são bem fechadas, e o "a" bem aberto. Então não peçam uma cóca-cóla, e sim uma côca-côla para que te entendam.


Grossa, eu?

Quando eu era grossa com alguém, e admitia isso, não sabia o que me esperava por aqui, e agora já posso usar de exemplo e falar que eu não sou grossa. Já passei por tanta situação aqui que eu criei um certo medo de perguntar as coisas e de falar com as pessoas, e fico policiando muitas atitudes pra não levar bronca à toa. E conversando com os outros "erasmistas", vejo que isso também aconteceu com alguns deles. Já teve cobrador expulsando de onibus porque ele não tinha troco pra 5 euros, taxista puto por ter que te levar pra qualquer lugar que fosse, já levei tombão no meio da rua e só uma freira parou pra ver se tava tudo bem, e até a mulher do lugar que dá informações em aeroporto muitas vezes está de cara fechada pra te informar onde são os portões de embarque, afinal, você já tinha que ter nascido sabendo isso! Fora as exclusões que acontecem na universidade, de professor pedindo desculpa pra aluno espanhol por ele ter que fazer grupo com o brasileiro que sobrou.

E além disso, ainda acontecem as discussões acaloradas dos espanhóis - conhecidos pelo sangue quente. Mas o que difere do Brasil é que aqui, eles discutem alto, soltam palavrões toda hora, e vão até onde a discussão puder acontecer, e depois, continuam sua vida normalmente como se não tivessem acabado de se exaltar brutalmente. Uma das matérias da facul, eu fazia em um grupo com 3 espanholas. Eu tinha muito medo de dar minha opinião, porque elas brigavam tanto entre si pra escolher o tema do trabalho que dava vontade de abraçá-las e pedir paz. Mas aquilo não era realmente uma briga, entende?

Posso dizer com toda certeza hoje, que estou fazendo um intercâmbio, que ele já aconteceu, e que está acontecendo. A pronúncia das palavras já sai naturalmente, e eu já me acostumei (leia-se adaptei, ou aprendi a conviver) ao sangue quente dos espanhóis.

A experiência é sim maravilhosa, você conhece gente de todo lugar, aprende muita coisa, vê muita cultura diferente, pode viajar para lugares magníficos e etc. Mas também tem seu lado difícil, que é ficar longe das pessoas que você ama, comer uma comida que não é sua favorita, e não ter como ir pra casa conversar e contar do dia já que sua casa de verdade está muito distante, e se você ligar nessa hora provavelmente as pessoas estarão dormindo porque o fuso horário é diferente. Quem intercambiou entende bem isso.

Mas o que se ganha com isso, creio que supera qualquer coisa. E agora, tenho que decidir se quero mais 4 meses disso tudo, ou não..:)

3 comentários:

  1. Oi Beluxa!! =]
    percebo q vc anda crescendo sempre! =] isso eh muito fera!
    essas sensacoes de dores e alegrias sao coisas q acontecem com todo mundo q viaja pra fora.
    esses sentimentos parecem ser os mesmos.. a unica coisa q parece mudar eh o destino da viagem eheh
    desentendimentos sao comuns... e no momento do acontecimento eh muito ruim neh.. mas como ja tinha falado
    com vc.. tudo vale como experiencia neh.. vc consegue crescer com tudo q acontece.. tanto nas coisas boas qnt nas coisas ruins..
    as sensacoes parecem se intensificar mais.
    talvez isso aconteça por vc estar longe de suas raizes e estar 'desprotegida' neh
    na experiencia q tive.. vejo q foi bom eu ter sofrido em algumas coisas.. nao foi um super sofrimento neh
    mas no momento q vc esta isolado no mundo eheh akilo realmente se intensifica eheh
    fera seus posts, belazard! mesmo para quem nao esta por ai viajando ja consegue pegar uma
    ideia de como tudo funciona.. a experiencia é transmitida.. sempre eh bom receber noticia dos amigos..
    sempre torcemos para tudo estar bem..
    a questao de estender a viagem é realmente dificil neh... mas basta analisar se vai ser bom para o curriculo..
    tem q analisar o psicologico tb neh.. tem q analisar se vc vai conseguir suportar determinadas dores..
    no meu caso eu voltei antes do previsto pq eu vi q meu psicologico estava sendo afetado muito eheh
    eu tava ficando muito triste.. mas consegui fazer oq foi planejado no inicio.. soh nao estendi a viagem como eu tinha imaginado.
    faz tempo q nao falo com vc na net belazard! tenho q tentar t encontrar por ae de novo eheh
    desde ja vou mandando minhas energias positivas ehehe
    sei q esta melhor agora por estar com pessoas q vc realmente gosta =]
    o tempo passo rapido aqui. sei q por ai o tempo parece demorar muito mais q por aki ehehe
    queria escrever mais coisas ehehe mas depois a gente conversa =]
    analisa bem ae e ve se vai ficar mais =D
    estaremos sempre por aqui no brasil. todos seus amigos e familiares.. todos sempre esperando o bem de vc.
    a gente se fala ae beluxaa
    bjoooooooo! o/

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  2. ah!
    E Um Feliz Natal (atrasado ehehe)!
    E Um Próspero Ano Novo!
    Amo-te!

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  3. O macarrao com salsicha nosso de cada dia.
    Égua Bela tu escreveste o que todo erasmista pensa ou passa.
    Eu nao comia porco por nada. Quando cheguei aqui me ofereceram filetes de jamon. Oh my God, eu tive que comer. Agora, é jamón pra tudo que é lado. Sem falar no chocolate, batata frita, e outras coisas engordativas que aqui é mais presente na dieta. :D
    As mancadas no inicio por nao conhecer a cultura, lembrando agora é ate engraçado.
    Eu tambem tenho medo de falar aqui. Tem uns e outros panos pretos.
    Realmente a experiência é maravilhosa. Conhecer novas culturas, custumes, lugares. Até entre nos brasileiros é legal vê as diferenças.
    Poder estar em lugares que só viamos em filmes é umas das coisas mais positivas dessa vida erasmista. Agora que chegar em casa e nao ter pra quem contar como foi o dia, nao ter os amigos pra estudar na vespera da prova, nao ter o amigo pra zoar, a comida da mae, sao os pontos mais crueis. Mas que tudo isso nos faz crescer, ah isso nao tenho dúvida. Entre saudades e deslumbramento vamos crescendo.
    En relación a quedarte aquí...quédate chica.
    Quédate, quédate...
    Tenemos mas castellano para estudiar.
    Jejejeje


    Besitos

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